CANCRO DA PRÓSTATA

Covid-19: Consequências da pandemia no seguimento do doente com cancro

Detetado pela primeira vez na China em dezembro de 2019, o SARS-CoV-2 rapidamente se espalhou pelo Mundo e levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a covid-19 como uma  pandemia, a 11 de março de 2021. 

Com o crescimento do número de infeções a nível nacional, Portugal tomou medidas de contenção da transmissão do vírus que implicaram o cancelamento de consultas, o adiamento de tratamentos e de cirurgias programadas. Toda a atividade assistencial do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que não fosse considerada urgente ficou suspensa, enquanto os serviços de saúde se concentravam no tratamento dos doentes infetados com o novo coronavírus que desenvolveram covid-19.

A suspensão da atividade assistencial traduziu-se numa diminuição do número de atos clínicos, sobretudo presenciais, nas unidades de saúde. Comparativamente com o ano anterior, em 2020 os hospitais do SNS realizaram menos 151 mil cirurgias e menos 1,3 milhões de consultas presenciais – menos 584 mil primeiras consultas e menos 726 de seguimento – e os centros de saúde fizeram menos 7,8 milhões de consultas presenciais.

Em contrapartida, houve um aumento do número de teleconsultas, tanto nos cuidados hospitalares como nos cuidados de saúde primários, mas não foi o suficiente para compensar a redução de atos presenciais.

E estes números reportam-se apenas ao ano de 2020, o único com dados completos desde o início da pandemia e que permite fazer a comparação com anos anteriores. Contudo, no início de 2021, com a chamada terceira vaga, a atividade assistencial do SNS voltou a sofrer uma nova quebra, embora menos acentuada que a do ano anterior.

Os serviços de Oncologia e os três hospitais especializados em doença oncológica – Instituto Português (IPO) de Oncologia de Porto, Coimbra e Lisboa – tentaram manter a atividade assistencial aos doentes oncológicos. Contudo, em 2020, os três IPO realizaram menos 3100 cirurgias e registaram uma diminuição no número de referenciações feitas pelos centros de saúde, menos 2380, assim como registaram uma redução do número de referenciações feitas, pelo setor privado e da quantidade de doentes que chegaram pelo próprio pé à instituição.

Quer fosse por dificuldades de acesso a consultas, quer fosse por receio de frequentar as unidades de saúde com medo do contágio pelo novo coronavírus, muitas pessoas adiaram a ida ao médico para rastreios de rotina ou rastreios dirigidos aos sintomas apresentados o que se refletiu na diminuição de novos diagnósticos de cancro, entre os quais o cancro da próstata, nos primeiros meses da pandemia.

A Sociedade Portuguesa de Oncologia chegou a defender a criação de uma via verde para o doente oncológico de modo a garantir a continuidade de cuidados a estes doentes e a possibilitar a retoma da atividade e a recuperação da normalidade na referenciação dos cuidados de saúde primários, de modo que o diagnóstico de cancro seja feito numa fase precoce para, assim, aumentar a taxa de sucesso dos tratamentos farmacológicos e cirúrgicos. 

Numa altura em que o SNS já retomou a atividade regular, é importante que as pessoas não tenham receio e procurem o médico assistente para realizar os rastreios regulares, ou para os rastreios dirigidos, se apresentarem sintomas que necessitem de ser investigados.

Referências:

https://expresso.pt/sociedade/2021-02-28-Covid-19.-Menos-3.100-cirurgias-nos-IPO-e-menos-doentes-referenciados-pelos-centros-de-saude

https://observador.pt/2021/02/28/covid-19-menos-13-milhoes-de-consultas-nos-hospitais-e-menos-151-mil-cirurgias-em-2020/

https://saudemais.tv/noticia/26193-sociedade-portuguesa-de-oncologia-spo-defende-criacao-de-via-verde-para-doentes-oncologicos

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/covid-19-menos-13-milhoes-de-consultas-nos-hospitais-e-menos-151-mil-cirurgias-em-2020-706860